A vida de Florbela Espanca, de apenas trinta e seis anos,
foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos que a
autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de feminilidade.
Eu gosto de ler tudo o que ela escreveu.
Gosto em especial deste poema.
Amar!
"
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...
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